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Sophia de Mello Breyner Andresen: Poesia em si, Poesia e Poema

29 Outubro 2019

Escrito por LUÍS LÓIA

O amor positivo da vida
busca a inteireza.

Sophia de Mello Breyner Andresen1

É a poesia que nos implica, que nos faz ser no Estar e nos faz estar no Ser. É a poesia que torna inteiro o nosso modo de habitar a terra e, porque é a mais profunda implicação do Homem no real, a poesia é, necessariamente, mas não só, política e fundamento da política, pois tal como através da poesia se busca o belo e a verdade, se busca a “inteireza”, também através dela se busca a justiça.

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A Grécia de Sophia de Mello Breyner Andresen: aspectos

29 Outubro 2019

Escrito por CONSTANÇA MARCONDES CÉSAR

A Grécia é metáfora, em seus poemas, da beleza imortal, da plenitude e presença do sagrado, recuperada no olhar da poetisa.

No livro da editora Caminho, «Sophia de Mello Breyner Andresen – Uma vida de poeta», organizado por Paula Mourão e Teresa Amado e editado em 2010, a sequência cronológica da publicação das obras da poetisa mostra a permanência da temática do mar e da Grécia em seus escritos. Falecida em 2004, a sua obra poética começa a ser publicada em 1944, pela própria autora, com o livro «Dia do Mar», a que se seguirão, em 1950, «Coral»; em 1954, «No tempo dividido»; em 1958, «Mar Novo»; em 1961, «O Cristo Cigano»; em 1962, «Livro Sexto»; em 1990, «Ilhas»; em 1994, «Mar»; em 1997, «O Búzio de Cós e outros poemas».

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A tensão entre o tempo e a eternidade

29 Outubro 2019

Escrito por EMANUEL BRANDÃO

Constata-se assim que ao longo de toda a obra de Sophia, por um lado, o tempo é uma realidade finita, incapaz de dar guarida àquele que é o ausente “de todos os ausentes” e cujo rosto “está para além do tempo opaco”, por outro, verifica-se que só por si é impossível ao ser humano vencer a irreversibilidade do tempo.

Na obra de Sophia, ocorre uma tensão para o limite na vivência do tempo. Situa-se o sujeito poético entre um tempo dividido, puramente quantificado, que parece tudo devorar e um tempo qualificado, o Kairós, tempo oportuno, onde o instante presente proporciona o encontro com a verdade do seu ser. É precisamente esta polaridade tensional entre o tempo dividido e o Kairós que vamos tentar registar na palavra de Sophia.

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Sophia, uma tensa claridade: algumas notas

29 Outubro 2019

Escrito por DIOGO ALCOFORADO

Sophia permanece intocável, frente ao Mundo físico, e à Religião e à Cultura, habitando todos estes espaços e a tudo vendo de dentro e de fora.

1. Em Maio de 1942 aparecia, em Lisboa, o n.º 1 da revista «Aventura». Dirigida pelo poeta Ruy Cinatti, com uma redacção onde se encontravam, entre outros, José Blanc de Portugal e Jorge de Sena

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Inquérito sobre a inteireza do Ser na poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen

29 Outubro 2019

Escrito por CARLOS CEIA

Estamos perante a recuperação de uma antiga controvérsia filosófica que podemos testemunhar desde os primeiros filósofos gregos: retornar ou mudar versus ser ou permanecer (…). No entanto, será quase impossível atribuir a Sophia um caminho lógico, coerente em toda a sua obra (…).

À memória de Alexandre Pinheiro Torres

JR Korpa, “Sin City”

Penso poder demonstrar o perigo que um autor corre quando se precipita em artes poéticas ou estéticas construídas sem estudo prévio, como no caso de Sophia de Mello Breyner Andresen, cuja poesia encerra aporias suficientes para pôr em questão a pureza que geralmente lhe é atribuída sem nenhuma demonstração crítica.1 A verdade é que se dispensava qualquer das artes poéticas que o Poeta escreveu sem convicção.

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Isabel Cristina Mateus

[Com oitocentos e um anos de existência e contando com mais de duzentos milhões de falantes em todo o mundo, espalhados por quatro continentes, a Língua Portuguesa é um capital simbólico e económico, um património cultural e memória identitária de valor inestimável que é fundamental conhecer, preservar e enriquecer. Adquire por isso uma importância especial a edição dos autores “clássicos” da língua portuguesa, numa edição cuidada e filologicamente rigorosa, acessível ao grande público, tarefa ainda por fazer entre nós. Uma edição naturalmente alargada aos autores dos países de língua portuguesa, dando conta da polifonia de vozes e de registos que constituem aquela que Vergílio Ferreira definiu um dia como “a voz do mar”.]

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