Tag: poesia

A escolha precisa em Sophia

29 Outubro 2019

Escrito por MARIA JOÃO SIMÕES

Ó noite, flor acesa, quem te colhe?
Sou eu que em ti me deixo anoitecer,
Ou o gesto preciso que te escolhe
Na flor dum outro ser?

Sophia de Mello Breyner

O olhar atento e a escrupulosa escuta são modos ou caminhos fundamentais para sentir e para estar no mundo, isto nos diz insistentemente e de mil maneiras Sophia. E esta sabedoria tem sido salientada e explicada pelos críticos que se demoraram na interpretação da escrita da escritora de «Coral», desde Eduardo Lourenço, na sua introdução à «Antologia Poética», a Silvina Rodrigues Lopes ou, mais recentemente, Fernando J. B. Martinho e Carlos Mendes de Sousa – para citar apenas alguns dos mais conhecidos hermeneutas da poesia de Sophia.

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Sophia de Mello Breyner Andresen: Poesia em si, Poesia e Poema

29 Outubro 2019

Escrito por LUÍS LÓIA

O amor positivo da vida
busca a inteireza.

Sophia de Mello Breyner Andresen1

É a poesia que nos implica, que nos faz ser no Estar e nos faz estar no Ser. É a poesia que torna inteiro o nosso modo de habitar a terra e, porque é a mais profunda implicação do Homem no real, a poesia é, necessariamente, mas não só, política e fundamento da política, pois tal como através da poesia se busca o belo e a verdade, se busca a “inteireza”, também através dela se busca a justiça.

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A Grécia de Sophia de Mello Breyner Andresen: aspectos

29 Outubro 2019

Escrito por CONSTANÇA MARCONDES CÉSAR

A Grécia é metáfora, em seus poemas, da beleza imortal, da plenitude e presença do sagrado, recuperada no olhar da poetisa.

No livro da editora Caminho, «Sophia de Mello Breyner Andresen – Uma vida de poeta», organizado por Paula Mourão e Teresa Amado e editado em 2010, a sequência cronológica da publicação das obras da poetisa mostra a permanência da temática do mar e da Grécia em seus escritos. Falecida em 2004, a sua obra poética começa a ser publicada em 1944, pela própria autora, com o livro «Dia do Mar», a que se seguirão, em 1950, «Coral»; em 1954, «No tempo dividido»; em 1958, «Mar Novo»; em 1961, «O Cristo Cigano»; em 1962, «Livro Sexto»; em 1990, «Ilhas»; em 1994, «Mar»; em 1997, «O Búzio de Cós e outros poemas».

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Maria Teresa Horta entrevistada maria luisa malato revista pontes de vista _ 01Maria Luísa Malato

entrevista

Maria Teresa Horta

Hesitamos em escrever uma introdução biobibliográfica a esta entrevista a Maria Teresa Horta. Que sentido tem a biografia de uma escritora para quem a conhece, e são tantos? Que sentido pode fazer uma biografia para quem não a leu? Deviam. Nascida em Lisboa, a 20 de maio de 1937, mais nos interessa a sua universalidade. Descendente por via materna e paterna, da Casa de Fronteira e da poetisa Leonor de Almeida, Marquesa de Alorna, sobre a qual escreveu As Luzes de Leonor (2011), o que interessa nela é uma indelével aristocracia de caráter. E as luzes de Leonor mais deviam fazer parte da nossa “educação sentimental”. Co-autora, com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno (as Três Marias), das Novas Cartas Portuguesas, obra proibida pela censura e julgada em tribunal por imoralidade em 1972, ensina-nos, em cada obra que publica, do Espelho Inicial (de 1960) a Meninas (de 2014), uma contínua naturalidade da provocação. Minha Senhora de Mim, provocação maior que a vida não existe! Jornalista de profissão (trabalhou no Diário de Lisboa, n’A Capital, no República, n’O Século, no Diário de Notícias, na revista Mulheres, no Jornal de Letras, Artes e Ideias/ JL…), sublinha bem que Cronista não é recado (1967). Acaricia por nós “as palavras do corpo” (cf. 2012), pois “Morrer de amor/ e de amar” é a morte que todos nós devíamos fazer por merecer.

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