Category: – Nº2 –

Vânia Duarte

[Ritmos e visões, de José Gil, é precisamente uma compilação de quatro ensaios em que se analisa, numa perspetiva crítico-filosófica, a obra de Fernando Pessoa. Como corpus de análise, o autor elegeu O livro do desassossego de Bernardo Soares, dois poemas de Fernando Pessoa – “A múmia” e “Ode marítima” – assim como artigos publicados na revista A Águia. Pontualmente são mencionadas outras obras como Fausto, Mensagem, Átrio, O caminho da serpente, com o intuito de contextualizar, clarificar ou corroborar afirmações. O livro parece disperso, mas há, como veremos, uma unidade que faz desses ensaios capítulos de uma reflexão encadeada.]

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Rodrigo Michell dos Santos Araujo

[Questão nuclear da obra vergiliana: já no primeiro volume de uma série diarística intitulada Conta-corrente (1993), que o autor mantém desde 1969, encontramos uma necessidade e urgência da escrita para (sobre)viver. Uma escrita desassossegada, uma urgência febril, muitas vezes acometida pela debilidade física: “precisava tanto de escrever, escrever […]. Escrever, escrever, como quem repete o orgasmo até deitar sangue. Desfazer-me em escrita […], repetir-me, esgotar-me rebentar da minha escrita de uma vez” (FERREIRA 1993: 181).]

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Jorge Vicente Valentim

[Depreende-se, por conseguinte, que a escrita ensaística de Vergílio Ferreira mais se autentica como um discurso original, na medida em que se afasta dos padrões científicos e metodológicos tradicionais e em que, no seu conteúdo, procura tratar de alguns dos tópicos mais fulcrais de sua obra, inclusive aqueles abordados pela sua ficção. Se o romance foi o gênero privilegiado para expor a problematização e o exame de alguns temas da existência humana e todas as suas consequentes contingências1, não será improducente pensar que o ensaio foi o espaço consagrado para revelações existentes na sua criação literária.]

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Jorge Palinhos

[Caminhar é uma atividade física em que o corpo humano, sustentado apenas pelos membros inferiores, se move no espaço concreto, fazendo avançar à vez cada pé. É um gesto de tal forma quotidiano que raramente nos lembramos de que houve uma altura em que tivemos de o aprender, com grande dificuldade e alguma audácia. É, possivelmente, o primeiro e o mais comum perigo que todos os seres humanos enfrentam no início da sua vida, e também aquele que mais rapidamente se esquece à medida que os passos se tornam centrais na nossa existência.]

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Jorge Palinhos

[Caminhar é uma atividade física em que o corpo humano, sustentado apenas pelos membros inferiores, se move no espaço concreto, fazendo avançar à vez cada pé. É um gesto de tal forma quotidiano que raramente nos lembramos de que houve uma altura em que tivemos de o aprender, com grande dificuldade e alguma audácia. É, possivelmente, o primeiro e o mais comum perigo que todos os seres humanos enfrentam no início da sua vida, e também aquele que mais rapidamente se esquece à medida que os passos se tornam centrais na nossa existência.]

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