Escrito por EMANUEL BRANDÃO
Constata-se assim que ao longo de toda a obra de Sophia, por um lado, o tempo é uma realidade finita, incapaz de dar guarida àquele que é o ausente “de todos os ausentes” e cujo rosto “está para além do tempo opaco”, por outro, verifica-se que só por si é impossível ao ser humano vencer a irreversibilidade do tempo.
Na obra de Sophia, ocorre uma tensão para o limite na vivência do tempo. Situa-se o sujeito poético entre um tempo dividido, puramente quantificado, que parece tudo devorar e um tempo qualificado, o Kairós, tempo oportuno, onde o instante presente proporciona o encontro com a verdade do seu ser. É precisamente esta polaridade tensional entre o tempo dividido e o Kairós que vamos tentar registar na palavra de Sophia.