O Dom Interrompido: uma leitura do conto «O jantar do bispo», de Sophia de Mello Breyner Andresen

O Dom Interrompido: uma leitura do conto «O jantar do bispo», de Sophia de Mello Breyner Andresen

29 Outubro 2019

Escrito por NUNO HIGINO

Sophia afirma: “Isto [o facto de dar tudo e se identificar com a extrema pobreza do seu povo] desafiava o uso, o costume. Já nem era virtude: era desordem, anormalidade, bolchevismo”.

Sobre a natureza do círculo

«O jantar do bispo» é um conto clarividente e, por isso, de complexa interpretação. Há diversos círculos que se constroem aparentemente de forma isolada, mas que, com o decorrer da história, se vão tocar (e interromper) de forma decisiva.

O primeiro círculo é desenhado pelo Dono da Casa e pelo Bispo: eles têm assuntos a tratar. E assuntos sérios. O Bispo precisa dum telhado novo para a igreja da Esperança. O Dono da Casa precisa de afastar para longe o novo pároco de Varzim. Se este círculo não fosse quebrado, a sua economia resultaria simples: o Dono da Casa daria o dinheiro para compor o telhado e o Bispo afastaria o novo pároco.

O segundo círculo é traçado pelo Senhor Importante que irrompe intempestivamente na casa e na história. A sua linha parece traçar-se de forma concêntrica em relação ao primeiro, não sei se pelo dado interior (inferior), se pelo lado exterior (superior). Também neste caso a economia do círculo parece previsível: o Senhor Importante apoia a pretensão do Dono da Casa, contribui com a sua parte para o restauro do telhado, e o pobre pároco de Varzim será afastado.

O terceiro círculo é traçado pelo pobre que bate à porta durante o jantar, no meio duma grande trovoada, pormenor relevante. A economia do círculo é igualmente previsível: a sopa é-lhe servida, apesar da azáfama na cozinha e apesar de não ser sábado, o dia destinado a acolher os pobres, segundo uma antiga tradição da casa.

O quarto círculo é traçado pela velha Joana e por João, o filho do Dono da Casa. A economia deste círculo é um pouco mais complexa, mas também previsível no seu desfecho: os dois manifestam vontade de convencer o Dono da Casa a receber o pobre: o filho, de viva voz, a velha criada na intenção (por ser demasiado velha, não pode subir a escada para interceder junto dele).

A linha dos quatro círculos é quebrada: no primeiro, o Bispo recusa a oferta do Dono da Casa; no segundo, o Senhor Importante, sem nome, e o seu cheque desaparecem; no terceiro, o pobre recusa a sopa e, mais tarde, desaparece quando o Bispo o encontra na estrada e o convida a entrar no carro; no último círculo, João e a velha Joana vêem recusada a sua pretensão junto do Dono da Casa.

Sobre a economia do círculo

Em nenhum dos casos, portanto, o desfecho é o previsível, porque em todos eles o círculo é quebrado e resolvido fora da lógica. Vamos acompanhar essa (i)resolução cruzando a história de Sophia com um texto de Jacques Derrida intitulado «O tempo do Rei».1

«O tempo do Rei» é um texto sobre o tempo e sobre o dom e começa com o excerto duma carta: “O Rei toma todo o meu tempo; dou o resto a Saint-Cyr, a quem quereria dá-lo todo”. A frase é dirigida a Madame Brinon e escrita por Madame Maintenon, esposa secreta do rei Luís XIV. Saint-Cyr, criada em 1684, era uma instituição dedicada à educação de raparigas nobres empobrecidas. Dar todo o tempo ao Rei e o resto a Saint-Cyr é uma contradição. Se o tempo fosse dado ao Rei na totalidade, nada restaria para Saint-Cyr porque a totalidade tudo absorve. Na verdade, ela não dá todo o tempo ao Rei, dá-lhe uma parte, a maior parte. O pouco que lhe resta, dá-o a Saint- Cyr. Mas não é isso que diz Madame Maintenon. Sabemos que uma das condições do discurso, de qualquer discurso, é a falta de coincidência entre o dito e a coisa referida no dizer. O que dizemos supõe, na sua origem, um desencaixe com a realidade, pois nunca existe coincidência perfeita entre uma coisa e outra, mesmos nos juízos perceptivos mais comuns. Se houvesse um encaixe perfeito não haveria linguagem, pura e simplesmente, pois a possibilidade da linguagem fundamenta-se na sua diferença com a realidade. E esse desajuste não se verifica apenas em relação ao referente (a realidade), mas também em relação ao contexto e ao próprio emissor. Todos nós sabemos, por senso comum, o que Madame Maintenon quer dizer, mas o que ela diz é efectivamente diferente do que ela quer dizer. É “uma maneira de dizer”, dizemos na linguagem comum… Se não existisse esta diferença, haveria apenas a maneira de dizer. Sem o salto que permite a linguagem, a interpretação estaria necessariamente proibida.

Qualquer reflexão sobre o tempo e o dom não pode dissociar-se dos artifícios da linguagem e das suas infinitas possibilidades de sentido. O sentido do que dizemos advém mais da ausência do que da presença: ausência do sujeito em relação a si mesmo, aos outros e à realidade.

O desaparecimento do Senhor Importante (e do seu cheque) e do pobre enviado pelo padre de Varzim mostram de forma absolutamente clarividente os caminhos obscuros da linguagem. Um e outro desaparecem na noite. Depois da argumentação de um e de outro, depois da extinção da linguagem, desaparecem. Aliás, tudo no conto de Sophia se passa à noite. Os discursos mais relevantes do conto, nomeadamente o do Senhor Importante em favor dos argumentos do Dono da Casa e o discurso entrecortado e quase aforístico da velha Joana em favor do pobre, são contundentes, cada um à sua maneira, como já veremos, e, no entanto, esgotam-se, um e outro, no vazio, como se fossem engolidos pela escuridão daquela noite onde tudo escapa à lógica. Seria muito interessante analisar o tipo de discurso do Senhor Importante a sustentar a intenção do Dono da Casa (nenhum deles tem um nome próprio) e o da velha Joana (esta, sim, apesar de socialmente menos importante, tem nome). No primeiro caso, trata-se dum discurso sistemático, ordenado, com uma intenção e um objectivo bem identificados. O Senhor Importante sabe o que diz e o que quer dizer. E sabe o que pretende atingir. É um discurso coerente, lógico, metódico e, em teoria, eficiente. Pelo contrário, a velha Joana diz coisas desarticuladas, entrecortadas, interrompidas, misteriosas. Não se sabe muito bem o que ela quer dizer. O seu discurso, ao contrário do discurso do Senhor Importante, não é clarividente. “Ai os pobres! Há sempre uma razão para lhes dizerem que não…”.2 Ao contrário de Gertrudes, que não vê mais além daquele pobre que lhe suja a cozinha com as suas pegadas lamacentas, Joana faz uma transposição para a pobreza universal. A partir da pobreza particular, ela invoca a pobreza universal porque tem um sentido moral da pobreza. Aliás, a resposta do padre de Varzim ao Dono da Casa, logo no início do conto, anunciara já esta transposição de Joana: “Da nossa própria fome podemos dizer que é um problema material e prático. A fome dos outros é um problema moral”.3 Para aquele pobre havia uma razão plausível para lhe dizer que não: não era o dia de atendimento aos pobres e o Dono da Casa estava com visitas muito importantes, não era conveniente interrompê-lo. Aquele pobre era um intruso, um curto-circuito na ordem, nos procedimentos e costumes, no asseio da casa. A luz eléctrica apagou-se e, dentro da ordem da casa, é introduzida a desordem. Joana sabe que “a trovoada está em cima de nós”.4 É por ter esta consciência que ela vai do meteorológico ao sobrenatural (“Valha-nos Santa Bárbara!”), do pobre à pobreza, da regra à excepção, da virtude ao dom. Joana é a consciência moral daquela noite de intriga e de cegueira. Ela, pela sabedoria dos anos, e o pequeno João pela sua inocência. Ela tem o dom de introduzir dentro do natural a dimensão sobrenatural, como nos quadros de El Greco, segundo a alusão feita justamente por D. António Ferreira Gomes no texto introdutório aos contos de Sophia5: não como duas dimensões acopladas, mas como elementos íntimos duma só dimensão. Isto é, a realidade não é natural por um lado e sobrenatural por outro, mas é natural e sobrenatural ao mesmo tempo e dentro da mesma massa. Onde os outros viram um pobre no meio duma trovoada, inoportuno, Joana viu a pobreza, e nela a mentira duma ordem carcomida pelo seu próprio virtuosismo, sem possibilidade de redenção. O Magnificat que ela reza e, a certa altura, interrompe por já não se lembrar do resto, é a única palavra certa no meio da vozearia daquela noite. É o pobre que completa o que Joana esqueceu. Ou talvez não tenha esquecido. Não terá sido tanto um esquecimento, mas a passagem da palavra à única pessoa que, dentro daquela casa, de direito, a podia pronunciar. O Magnificat produz sobre aquelas figuras o mesmo efeito procurado por El Greco nas suas telas: alonga, sobrenaturaliza. Joana é que pinta, é que faz as ligações entre aquilo que, aos olhos dos outros, aparece desconexo e incompreensível. Ela não estranha que o pobre não tenha comido a sopa que lhe foi colocada na mesa por Gertrudes. Ele tinha fome, com certeza, mas o que o trazia ali não era a fome. A sua aparição naquela noite estava para além da fome. A sua missão era interromper o que estava a ser urdido na sala de cima. Se ele tivesse comido a sopa e seguisse o seu caminho, ratificaria a lógica do Dono da Casa e do Senhor Importante. A sopa torná-lo-ia visível e previsível no meio da cegueira. E por isso ele se torna invisível, desaparece, quando o bispo baixa do automóvel para o levar de volta a Varzim. Ele não era um pobre que se dirigia para Varzim. Ele era a pobreza sem pátria.

Sobre o rompimento do círculo

A leitura económica deste conto faz todo o sentido. Há uma lei (nomos) que rege a circulação material, ética e costumeira da casa (oikos) do Dono da Casa. Ele é verdadeiramente o Dono da casa e da economia da casa. Ele tem a autoridade da distribuição e da repartição. Ele põe e dispõe dos bens, dos serviços e das regras da casa. Tudo em casa obedece a uma ordem e todos têm dentro dela um papel e uma responsabilidade. Como num círculo. Neste esquema circular, a norma de circulação é o retorno, o regresso ao ponto de partida. Jacques Derrida, no texto referido, fala duma estrutura odisseica de todos os relatos que obedecem a uma lógica económica: “A oikonomia tomaria sempre o caminho de Ulisses. Ele não se afasta senão com a intenção de repatriar-se para, depois, regressar ao lar…”.6 O pobre não regressa a casa que, provavelmente, não tem. O pobre não regressa, em absoluto. O pobre rompe o círculo económico minuciosamente desenhado ao longo de séculos e escrupulosamente preservado pelo Dono da Casa. O pobre desaparece, interrompe o círculo. Salta-o. Fractura-o. O pobre desconjunta o tempo, faz com que o tempo, como um velho portão, salte fora dos gonzos que lhe permitem abrir e fechar com eficiência, regularidade e ordem. Deixa de haver circulação dentro deste modelo económico. A lógica circular do dom é interrompida. Se o pobre tivesse aceitado a sopa e regressasse a casa saciado e agradecido, tudo continuaria normalizado. De facto, na nossa lógica corrente, entendemos o dom como uma conjugação tripartida: alguém (A) dá alguma coisa (B) a outro (C). O Dono da Casa (A) dá a sopa (B) ao pobre (C). Estes 3 elementos tendem a identificar-se, ou mesmo fundir-se, para que haja dom. O problema, seguindo esta lógica, e ainda na interpretação de Derrida, é que as condições de possibilidade do dom (esta estrutura ternária) se tornam, simultaneamente, nas suas condições de impossibilidade, no sentido em que anulam, aniquilam e destroem o próprio dom: “Para que haja dom é preciso que não haja reciprocidade, nem devolução, nem intercâmbio, nem contra-dom, nem dívida”.7 Pode perguntar-se: o que pedia o Dono da Casa ao pobre a troco da sopa, uma vez que este nada tinha para lhe dar? Aparentemente não lhe pedia nada, nada lhe exigia, pois ele nada tinha para retribuir. Mas esta é uma interpretação ingénua e que não faz justiça, de maneira alguma, ao conto de Sophia. É evidente que o Dono da Casa exige ao pobre um pesado contra-dom: exige-lhe que continue a ser pobre. As palavras do Homem Importante durante o jantar são esclarecedoras: “Os homens não querem aceitar. Paciência e resignação são palavras que perderam o sentido”.8 O “pecado da revolta” é o maior dos pecados para esta economia circular, sossegada, submissa e dominada por uma autoridade ancestral e indiscutida. Foi esta ordem que o padre de Varzim veio perturbar e ameaçar. E a sua atitude chocava o Dono da Casa “como uma traição”. Ele tomara o partido dos pobres e abalara as classificações da pobreza. Para o Dono da Casa, pobres eram os de fora ou aqueles que, na terra, fossem reconhecidos como tal. “Mas o Pedro da Serra que tinha nove filhos e ganhava quinze mil réis por dia a cavar pedregulhos, esse não era um verdadeiro pobre pois tinha um salário e dois braços”.9 Uma pobreza classificada é fácil de controlar e resolver com um prato de sopa e a esmola semanal. O problema é o Pedro da Serra e outros como ele, que não cabem numa classificação. São inclassificados. São linhas que interrompem o círculo e geram desordem. São um incómodo.

Sobre a superação do círculo

Dar uma sopa ou dar um cheque para compor o telhado da igreja da Esperança significa exactamente o mesmo dentro desta análise do dom. Exige contrapartidas. E avultadas. Exige o sacrifício dos pobres, sejam os pobres classificados, seja a pobreza do Pedro da Serra, seja o pobre padre de Varzim. Sophia interrompe o dom, num e noutro caso. Não podia ser doutra maneira. Neste conto, o único dom que não é interrompido, e que verdadeiramente pode ser tomado como tal, é o dom do padre de Varzim. Toda a história gira à sua volta, apesar de ele ser apenas mencionado e, em pessoa, só aparecer numa fala, aliás, uma fala tremenda de justiça e sabedoria e já aqui citada (“Da nossa própria fome, podemos dizer que é um problema material e prático. A fome dos outros é um problema moral”). Todo o mundo do Dono da Casa é desmontado por esta frase. “Ora, ele [Dono da Casa] teve notícia de que os frangos, as nozes, as uvas e as peras que era seu costume mandar aos sucessivos abades de Varzim em datas regulares, agora, em vez de seguirem o seu destino, que era a mesa do abade, eram distribuídos pela negra fome de Varzim. Soube também que o padre dava as couves da sua horta e as uvas da sua parreira. Dava mesmo o leite da sua cabra. Dava tudo”.10 O único dom que tem condições para verdadeiramente o ser, é o dom do padre de Varzim: “Dava tudo”. Tal como Madame Maintenon, que dava todo o seu tempo ao Rei, o padre de Varzim “dava tudo” à “negra fome de Varzim”. Este “dar tudo”, num e noutro caso, e como foi dito no início, é uma espécie de suplemento nutritivo da linguagem que a leva a dizer o impossível. De facto, tal como Madame Maintenon não dava todo o seu tempo ao Rei, também o padre de Varzim não dava tudo, mas dava a maior parte das coisas. Mas existe uma diferença abismal entre o dom de Maintenon e o do padre de Varzim: no primeiro caso, ela dá apenas o resto a Saint-Cyr quando, na verdade, queria dá-lo todo. O tempo que ela dava ao Rei não era propriamente um dom, pois o Rei é que lhe tomava todo o seu tempo. No segundo caso, o abade de Varzim dava tudo aos pobres e ficava apenas com o resto, o estritamente necessário para a sua subsistência. O dom não é uma questão de quantidade. O dom tanto pode ser o todo como o resto. A sua verdade não se centra na quantidade, mas na qualidade.

A doação para o telhado da igreja ou a oferta da sopa ao pobre de Varzim são um simulacro: conservam a aparência de dom, mas negam-na nas contrapartidas que exigem. “O dom pode conservar a sua fenomenalidade, ou se preferirmos, a sua aparência de dom, mas a própria aparência, o simples fenómeno do dom anula-o como dom, transformando a aparição em fantasma e a operação em simulacro”.11 Mas aquilo que dava o padre de Varzim – as couves da sua horta e as uvas da parreira, etc. – também não era suficiente para qualificar o seu acto como dom. Para que o dom seja anulado basta o reconhecimento ou a gratidão de quem recebe. E essa gratidão ele tinha seguramente. Aquilo que estará mais próximo de o qualificar como dom é o dom de si mesmo, da sua vida, a sua identificação com a miséria dos seus paroquianos. Isso que não tem visibilidade prática nem se pode quantificar. Mas pode dizer-se que isso – e, porventura, sobretudo isso – também recebia o reconhecimento e a gratidão. No entanto, esta doação sem condições do padre de Varzim está mais próxima das condições requeridas pelo dom: o esquecimento, a inaparência, a não fenomenalidade, a não percepção, a não retenção.12 O esquecimento absoluto, o corte radical entre o dom e qualquer forma de reconhecimento, consciente ou inconsciente, é o único caminho possível para a impossibilidade do dom. Esse é o double bind do dom, segundo Derrida: “Para que haja dom é necessário que o dom não apareça sequer, que não seja percebido como dom”.13

Há um comentário que Sophia faz, depois de descrever a generosidade infinita da padre de Varzim, que talvez se encontre, neste limite, com aquilo que Derrida pretende significar com a sua afirmação da impossibilidade do dom. Sophia afirma: “Isto [o facto de dar tudo e se identificar com a extrema pobreza do seu povo] desafiava o uso, o costume. Já nem era virtude: era desordem, anormalidade, bolchevismo”.14 Isso, que era e que fazia o padre de Varzim, já não era virtude, era desordem. Estava para além da virtude, daquilo que pode ser reconhecido e exaltado. Estava para além da ordem e da norma social. Estava para além de qualquer classificação. A virtude demarca, sinaliza, requer o exemplo, a admiração e o seguimento. O dom não é algo que possa ser entendido dentro da lógica dos sujeitos e dos objectos, duma economia circular que tudo explica e compreende. O padre de Varzim deslocou-se para um âmbito difícil de situar. Tornou-se num lugar mal situado, usando o conhecido verso de Daniel Faria, um lugar anterior à consciência ou à inconsciência. Ele introduziu uma desordem dentro da ordem social e moral de Varzim. A estranheza do Dono da Casa conhecêmo-la e reconhecêmo-la como lógica. Não podia ser doutra forma. O padre de Varzim desconstruiu uma determinada forma de as pessoas se relacionarem socialmente. Ele desconstruiu uma ordem. E talvez seja isso, precisamente, que faz o dom: desconstrói uma ordem. O dom, se existe e quando existe, não cede, não aparece, e, no entanto, devemos ocupar-nos dele, devemos prestar contas sobre ele.

NOTA: O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico.


Notas:
  1. Derrida, J. (1995). Dar (el) tiempo: I. La moneda falsa. Barcelona: Paidós, pp. 11-40 & Derrida, J. (1991). Donner le temps. I. La fausse monnaie. Paris: Galilée.
  2. Andresen, S. M. B. (1997). Contos exemplares. Porto: Figueirinhas, 32.ª ed., p. 76.
  3. Idem, p. 50.
  4. Idem, p. 77.
  5. Gomes, A. F. (1997). “Pórtico”, cit., p. 43.
  6. Derrida op. cit., 16-17.
  7. Idem, p. 21.
  8. Andresen, op. cit., p. 65.
  9. Idem, p. 53.
  10. Idem, p. 52.
  11. Derrida, op. cit., p. 23.
  12. Idem, p. 24.
  13. Idem, p. 25.
  14. Andresen, op. cit., p. 52

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