Tag: Vergílio Ferreira

José Gama

A leitura de Alegria breve constitui um momento ímpar de reflexão e de interrogação sobre a existência humana, guiado pela mão hábil e invasiva de Vergílio Ferreira, naquele modo solene e insatisfeito que ele consegue imprimir à sua escrita como ninguém. A releitura adquire ainda uma dimensão mais forte, se for guiada, logo à partida, por aquele sentido de reavaliação de tudo o que acompanha a despedida da vida de toda uma aldeia, em que a grandeza e a incapacidade do homem parecem atingir os seus limites… (more…)

Constança Marcondes Cesar

[Aparição representa a luta pelo equilíbrio, finalmente alcançado,  através da arte e do amor, pelo homem que é atravessado pela  contradição entre a consciência de si, como impulso para um ser mais,  e a consciência da morte. Luta pelo equilíbrio de quem não encontra  mais em nenhum outro absoluto – que não o da consciência de si –  nenhuma possibilidade de transcendência.]

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José Luis Gavilanes Laso

[De un lado, pues, ceñir al hombre a sus límites; por otro, el deseo de trascendencia hacia lo ilimitado. Esta paradoja responde a las dos características esenciales de la condición humana: muerte y deseo de inmortalidad. Es difícil definir al ser humano, pero creo que en esta dicotomía paradójica de Vergílio Ferreira puede estar la clave: el hombre es un ser limitadamente infinito. Los personajes de Vergílio Ferreira se imponen, pues, un desafío crucial: ver hasta qué punto pueden soportar una existencia sin trascendencia y cómo, despojados de un valor absoluto, pueden asumir su precariedad humana. ]

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Hugo Monteiro

[O sorriso, o primeiro do Ocidente, surge-nos assim como o assomo de um Adeus que atravessa o tempo em saudação – gesto indistinto no excesso de um encontro que, em última análise, leva o próprio tempo atrás de si, revelando que “todos os séculos do passado se conglomeram ali, no instantâneo presente”]

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Maria Luísa Malato

entrevista

Fernanda Irene Fonseca

fernanda-irene-fonsecaA Fernanda Irene Fonseca se devem alguns dos mais importantes estudos sobre a obra de Vergílio Ferreira, em parte reunidos na obra Vergílio Ferreira: a celebração da Palavra (1992). Foi a organizadora do Colóquio Interdisciplinar de Homenagem a Vergílio Ferreira (Porto, 1993) e das respetivas Actas (1995). Continuou, até hoje, a escrever regularmente artigos sobre Vergílio Ferreira que se encontram ainda, infelizmente, dispersos. Depois de 36 anos como Professora de Linguística na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, aposentou-se para se dedicar quase exclusivamente ao estudo do espólio de Vergílio Ferreira. Fez a edição critico-genética do manuscrito de um diário escrito pelo romancista entre 1944 e 1949, que foi a primeira obra do seu espólio a ser publicada. Co-editou também, em colaboração com Hélder Godinho, o romance Promessa, de 1947, o único romance completo que Vergílio Ferreira deixou inédito.

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Rodrigo Michell dos Santos Araujo

[Questão nuclear da obra vergiliana: já no primeiro volume de uma série diarística intitulada Conta-corrente (1993), que o autor mantém desde 1969, encontramos uma necessidade e urgência da escrita para (sobre)viver. Uma escrita desassossegada, uma urgência febril, muitas vezes acometida pela debilidade física: “precisava tanto de escrever, escrever […]. Escrever, escrever, como quem repete o orgasmo até deitar sangue. Desfazer-me em escrita […], repetir-me, esgotar-me rebentar da minha escrita de uma vez” (FERREIRA 1993: 181).]

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Jorge Vicente Valentim

[Depreende-se, por conseguinte, que a escrita ensaística de Vergílio Ferreira mais se autentica como um discurso original, na medida em que se afasta dos padrões científicos e metodológicos tradicionais e em que, no seu conteúdo, procura tratar de alguns dos tópicos mais fulcrais de sua obra, inclusive aqueles abordados pela sua ficção. Se o romance foi o gênero privilegiado para expor a problematização e o exame de alguns temas da existência humana e todas as suas consequentes contingências1, não será improducente pensar que o ensaio foi o espaço consagrado para revelações existentes na sua criação literária.]

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