Escrito por MARIA JOÃO SIMÕES
Ó noite, flor acesa, quem te colhe?
Sou eu que em ti me deixo anoitecer,
Ou o gesto preciso que te escolhe
Na flor dum outro ser?
Sophia de Mello Breyner
O olhar atento e a escrupulosa escuta são modos ou caminhos fundamentais para sentir e para estar no mundo, isto nos diz insistentemente e de mil maneiras Sophia. E esta sabedoria tem sido salientada e explicada pelos críticos que se demoraram na interpretação da escrita da escritora de «Coral», desde Eduardo Lourenço, na sua introdução à «Antologia Poética», a Silvina Rodrigues Lopes ou, mais recentemente, Fernando J. B. Martinho e Carlos Mendes de Sousa – para citar apenas alguns dos mais conhecidos hermeneutas da poesia de Sophia.