Escrito por HUGO MONTEIRO
Pulsa, no poema escutado desde a infância – antes mesmo de se saber da existência da literatura –, o protesto sonoro e sem língua que é a própria infância.
I. Antes do início
Na sua precisão luminosa, Sophia declara, ao longo da sua escrita, uma fidelidade ao indício de uma origem silenciada nas coisas e nos seres, de que o poema é rastro e rumor. Trata-se de uma fidelidade ao que, desde o início, desde sempre, se imprimiu numa concepção de poesia e de poema intuída no exterior de qualquer disciplina discursiva. Somos confrontados com uma abordagem da poesia ligada ao modo do seu acontecer, da sua experiência concreta e, de certa forma, selvagem: