[Com oitocentos e um anos de existência e contando com mais de duzentos milhões de falantes em todo o mundo, espalhados por quatro continentes, a Língua Portuguesa é um capital simbólico e económico, um património cultural e memória identitária de valor inestimável que é fundamental conhecer, preservar e enriquecer. Adquire por isso uma importância especial a edição dos autores “clássicos” da língua portuguesa, numa edição cuidada e filologicamente rigorosa, acessível ao grande público, tarefa ainda por fazer entre nós. Uma edição naturalmente alargada aos autores dos países de língua portuguesa, dando conta da polifonia de vozes e de registos que constituem aquela que Vergílio Ferreira definiu um dia como “a voz do mar”.]
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[Transcorridos quase cento e vinte anos, desde que o fogo prometaico chegou a Portugal, por intermédio de Aurélio da Paz dos Reis, quando filmou em 1896 “A saída do pessoal operário da Fábrica Confiança”, na Rua Santa Catarina, Porto, considerado o primeiro filme da História do Cinema Português, há interrogações radicais que resistem e rejeitam o fechamento de respostas unilaterais, lineares e dogmáticas.
O presente artigo constitui a reabertura das fendas, do questionamento, não se instituindo como a farmacopeia miraculosa que as ultrapassará.]